16 de abr. de 2010

A Indústria da Moda é Responsável?

(Por Mirela Lacerda do modalogia)
Achei esse texto ótimo e resolvi repostar para vocês, pq eu sinto exatamente a mesma coisa...

Ultimamente ando pensando muito nesta pergunta. A reposta obviamente é não, pois a moda existe para sustentar uma parte da economia e como seu objetivo é criar desejos de consumo, o compromisso com a responsabilidade, no sentido mais ético da palavra, muitas vezes fica em segundo, terceiro ou décimo plano.


Porém na semana passada comecei a me incomodar seriamente com algumas situações. Depois de ler a matéria sobre o mendigo chinês que virou ícone de estilo foi inevitável pensar em como não só a moda mas também a mídia são absurdamente irresponsáveis. Como assim se aponta uma pessoa tão desfavorecida e, ao que tudo indica, com problemas mentais, como ícone do “homeless chic”? Tudo bem que até John Galliano já se inspirou em sem-teto para fazer coleção de alta-costura, mas eleger uma pessoa que não faz a mínima idéia do que está acontecendo e vive sob as piores condições de vida é totalmente irresponsável e até cruel. Juro que apesar de termos publicado uma nota sobre ele, fiquei com vergonha da notícia.


Enquanto isso, leio várias matérias detonando o comportamento do fotógrafo Terry Richardson. Algumas modelos o acusaram de assediá-las durante sessões de fotos e uma delas disse que seu trabalho é degradante para as mulheres. Quem já viu suas imagens (principalmente o livro encomendado pela Diesel sobre o Rio da Janeiro, que é de fazer corar) sabe que ele é bem chegado a, digamos, exaltar a sexualidade. Também não é difícil perceber que uma modelo em início de carreira vai se submeter a vários trabalhos que pode não se orgulhar mais tarde com medo de fracassar. Se Richardson é ou não tarado, é problema dele, mas aí questiono: por que essas modelos, a maioria com menos de 18 anos, não são acompanhadas por pais ou agentes durante as sessões de fotos, justamente para não caírem neste tipo de armadilha? Não é negligência dos bookers ou da própria família, mais interessados na conta bancária do que na integridade física e moral da pessoa?


Finalmente, toda vez que leio algo sobre a Tavi Williams me pergunto até quando ela vai ser usada pela indústria. Pois se ter 13 anos é o hype, o que vai ser dela quando tiver 18? Será que é justo exaltar e depois criticar os pensamentos de uma adolescente? Por mais que ela seja apaixonada e informada sobre moda, não é, de forma alguma, uma profissional e, portanto, não está preparada para lidar com as responsabilidades que o mercado exige. É claro que colocar a Tevi e uma legião de blogueiros na primeira fila, além de atrair mídia é muito mais barato do que contratar uma celebridade pra ver o desfile. Só que um famoso sabe jogar o jogo do “toma lá, dá cá”, enquanto boa parte dos blogueiros não sabe administrar o que está rolando por trás dos flashes.

Não queria dar o tom politicamente correto ao escrever este texto. Não sou ingênua de acreditar que a indústria da moda é formada por pessoas altamente criativas, fofas e éticas. Mas certas situações realmente ultrapassam os limites do bom senso. É isso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ai!

MAh disse...

Fato!

Ca disse...

não tem nem oq falar...

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